Romero Jucá assume comando da legenda para elevar o tom da disputa contra o PT
Por: Laryssa Borges, de Brasília
Senador Romero Jucá assume linha de frente na briga contra o PT(Agência Câmara/VEJA)
Novo presidente nacional do PMDB,
o senador Romero Jucá (PMDB-RR) criticou duramente o governo da presidente
Dilma Rousseff nesta terça-feira. Segundo ele, o Executivo promoveu no último
ano uma "eternidade de incompetência" nos campos político e econômico.
Refutando a cantilena petista, Jucá disse que o processo de impeachment não
pode ser considerado um "golpe" e afirmou que o partido não
"troca o certo pelo duvidoso", mas sim busca um caminho e uma
resposta às ruas, que pedem "fora Dilma". Jucá assumiu o controle do
partido para elevar o tom do embate político e fazer frente às recentes
críticas do ex-presidente Lula à sigla.
"Esse
um ano e três meses se transformou em uma eternidade de incompetência. O
governo se superou. Conseguiu fazer tudo da pior forma possível, e nós temos
hoje esse quadro que está aí", disse Jucá. "A condução econômica
desse governo e a gestão estão um desastre. Na campanha política não vimos um
debate de correção de rumos", afirmou o senador.
Jucá tentou eximir o PMDB da
responsabilidade pela crise político-econômica e comparou a legenda a um
"comissário de bordo" em uma aeronave sob outro comando. Ele citou os
projetos apresentados pelos ex-ministros Guido Mantega e Joaquim Levy e pelo
atual ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e resumiu: "Não venham cobrar
do PMDB a crise econômica, porque o PMDB não pilotou esse avião econômico. O
Michel não era copiloto, o Michel estava fora da cabine. Nós éramos, no PMDB,
comissários de bordo. A gente segurava as pessoas, mandava apertar o cinto e
dava o saquinho para vomitar". "Não temos responsabilidade nem pela
condução política nem pela condução econômica, que são os dois aspectos que
quebraram esse país conjunturalmente", disse, fazendo coro à carta em que
Temer reclamava da falta de interlocução com a presidente Dilma.
O
parlamentar ainda comparou o escândalo de corrupção desvendado pela Operação
Lava Jato com a situação em que o ex-presidente Fernando Collor foi retirado do
governo, em 1992, e disse: "Com a Lava Jato, a situação do Collor virou
juizado de pequenas causas". O próprio Jucá é alvo de inquérito no
petrolão.
Em recados
velados ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que havia
classificado como "pouco inteligente" e "precipitada" a
decisão do PMDB de deixar o governo, Jucá rebateu: "A sociedade que estava
nas ruas esperava uma posição do maior partido do Brasil. Não é precipitado
tomar uma posição a favor do povo. É inteligente cuidarmos da nossa vida e
deixar o povo ao léu? Talvez seja o momento de se deixar o interesse pessoal
próprio e cuidar do interesse coletivo de quem votou em todos nós".
Em seu
discurso, Jucá ainda criticou outras propostas de peemedebistas, como a emenda
constitucional pró-eleições gerais apresentada pelo senador Valdir Raupp
(PMDB-RO), e disse que alternativas como essa podem ser consideradas um
"golpe". "Qualquer outra saída mirabolante aí, sim, é golpe.
Eleições gerais para todo mundo. Está na Constituição? Não. Todo mundo
renuncia. Está na Constituição? Não. A regra tem que ser cumprida",
discursou Jucá.
Romero
Jucá também reconheceu a "falta de representatividade de partidos e
políticos" e defendeu a tese de que detentores de mandatos eletivos se
posicionem claramente sobre o governo Dilma. Ele criticou a estratégia
desesperada do governo de leiloar os cargos do PMDB para reformular a base de
sustentação do Palácio do Planalto. Sobre a disposição do governo para só
consolidar a reforma ministerial depois da votação do impeachment, Jucá disse
que "o governo agora vai dar um cheque pré-datado". "Se
quisermos ser respeitados, temos que ter posicionamento que efetivamente
represente a população que está lá fora. O que a população que vai nos
acompanhar espera do Congresso e dos políticos brasileiros? Espera uma solução.
A política tem que construir uma solução aqui dentro desse Congresso",
disse.
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